«Despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus; induzir nos outros um amor por aquilo que amamos; fazer do seu presente interior o seu futuro; eis uma tripla aventura como nenhuma outra. (..) Uma sociedade como a do lucro desenfreado, que não honre os seus professores, é uma sociedade defeituosa.» (George Steiner) |
Teoria e Prática do Hipertexto
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Licenciatura em Ciências da Comunicação e da Cultura
Docente: Professor Doutor Luís Filipe B. Teixeira
(Semestral: 3º ano área Gestão Act. Culturais: 1998-2006)
Sinopse
A tecnologia multimédia aplicada à «Galáxia de Gutenberg» arrastou consigo uma nova utopia literária designada de «hipertextualidade». Esta cadeira pretende estudar, quer a nível teórico quer prático, todas as implicações que a introdução destas novas tecnologias colocaram e colocam em termos de desafio. Simultaneamente, há que avaliar a que nível e como é que esta «Literatura de ecrã» veio alterar e criar novos paradigmas para a (Ciber)Literatura, sobretudo Moderna e Contemporânea. Com efeito, no campo do juízo estético, estamos perante a necessidade de criação de novas categorias críticas e de novos parâmetros hermenêuticos, embora ambos tenham de ser encontrados no interior das novas perspectivas abertas pelo próprio hipertexto
Avaliação
A nota final de Teoria e Prática do Hipertexto resultará da componente presencial às aulas e da avaliação obtida na frequência e no trabalho individual a desenvolver nas aulas práticas. Nesta disciplina teórico-prática existe regime de faltas. Os alunos que ultrapassem os 25% de faltas no semestre ficam automaticamente reprovados, tendo acesso apenas ao Exame de 2ª Época Os alunos que, na frequência, obtenham média igual ou superior a 12 (doze) estão dispensados de Exame Final. Os que obtenham nota igual ou superior a 8 (oito) valores e inferior a 12 (doze) valores têm acesso ao Exame de 1ª Época. Alunos com média final inferior a 8 (oito) valores só poderão ser avaliados em Exame de 2ª Época.
Introdução
1.Do impresso ao media electrónico
1.1. A imprensa
1.2. A «ordem dos livros»
2.Escrita digital: Os fundamentos do Hipertexto
2.1.Da origem à arquitectura do hipertexto
2.2. A «Biblioteca de Babel» e O «Castelo dos Destinos Cruzados»
3. Um novo conceito de Textualidade
3.1.Linear versus multilinear
3.2. texto como «rede rizomática» : Mapeamento e Cartografia
3.3. Intertextualidade, «texto acentrado», texto interactivo
4. A nova noção narrativa de «cibertextualidade» contemporânea (análise de exemplos)
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